Aqui dentro tem outra pessoa. Alguém que fala comigo, às vezes, sem trégua sem eu ter tempo de responder. Então, com outros olhos, começo a pintar o que vejo e  ninguém consegue enxergar ou entender de onde vem aquilo que aos poucos dá vida às minhas pinturas. Sempre foi assim. Desde pequena, eu juntava as crianças na sala de casa para  juntos, na imaginação, com os olhos fechados, adentrássemos ,aos poucos, o quadro suspenso na parede e íamos  conversando sobre o que víamos pela frente. Que caminhos lindos..  Corríamos pelos campos, subíamos em árvores, entrávamos em túneis infinitos. Encontrávamos pessoas, adultos e crianças, sorridentes, que nos davam as Boas-Vindas. E quando a gente voltava ao ambiente da sala, ainda com o gosto das frutas que por lá havíamos desfrutado, ficávamos encantados com o passeio. Quantas saudades  das brincadeiras, onde o troféu era apenas uma tampinha de garrafa...Agora percebo que tudo aquilo vivido, foi a engrenagem principal que, no decorrer da vida nos dá o leque de saídas para contornar os obstáculos que vão surgindo. Há quem não entenda como há pessoas que conseguem ressurgir das cinzas e dão a volta por cima em situações que poderiam levariam ao desespero.  É lá atrás que se recebe a engrenagem de tudo. Uma boa infância e estará um jovem, um adulto, um idoso feliz.

Jandiel
Jandira Leite Titonel